A GOSTOSA DA ACADEMIA Poeta Sonhador A academia já fazia parte da minha rotina há anos. Aos cinquenta, cuidar do corpo se tornava mais uma necessidade do que vaidade. Sabia meus limites, respeitava meu ritmo. Foi num final de tarde, entre uma série de supino e uma caminhada na esteira, que notei ela pela primeira vez. Não era o tipo de beleza exagerada. Tinha algo mais sutil, mais maduro. Corpo firme, curvas bem cuidadas, e um olhar que parecia saber mais do que dizia. Começamos trocando comentários triviais — sobre os horários cheios, o som alto demais, os instrutores distraídos. — Sempre nesse horário? — ela perguntou certa vez, se alongando ao meu lado. — Sempre. Depois do trabalho, já virou ritual. E você? — Tarde é melhor mesmo. As minhas manhãs são minhas obrigações domésticas — respondeu, com um leve sorriso. Percebi que, quase sempre depois dos treinos, ela ia até os espelhos do fundo, onde a luz lateral destacava seu corpo suado e definido. Lá, alongava-se com movim...